terça-feira, 19 de julho de 2011

Drogas por todo o lado

Para a OMS (Organização Mundial de Saúde), “droga é qualquer substância natural ou sintética que, ao ser fumada, inalada, ingerida e injectada, provoca alterações psíquicas, sentidas como agradáveis numa primeira fase, mas que cria dependência tornando as pessoas incapazes de viverem normalmente e integradas em sociedade”. Qualquer substância pode ser considerada tóxica para o organismo, caso altere o seu funcionamento. O grau de toxicidade depende da quantidade ingerida e do tempo de ingestão.
A mesma substância pode ser um medicamento quando utilizada correctamente e uma droga quando o seu uso, é inadequado conduzindo à dependência física e psíquica ― ex: a morfina ― substância presente no ópio, que é utilizada no tratamento da dor nomeadamente na dor crónica. É a primeira escolha após uma cirurgia, no cancro e outras situações graves. A morfina pode, assim, ser utilizada em tratamentos médicos, sob receita médica e controlo médico, mas o seu consumo noutras circunstâncias não é permitido. A sua aplicação enquanto medicamento é cuidadosamente avaliada e analisada caso a caso, em virtude da grande dependência física e psíquica que ocasiona. 
Tendo estas informações presentes e simplificando, podemos classificar as drogas em duas categorias: drogas lícitas ou legais (medicamentos, tabaco e álcool) e drogas ilícitas ou ilegais (heroína, haxixe, marijuana, LSD, cocaína e ecstasy).  
Medicamentos: Com receita médica e de venda livre
Medicamentos com receita médica: são exclusivamente vendidos em farmácias sendo receitados para fins medicinais, mas normalmente alguns deles, são usados abusivamente originando situações graves ao consumidor ― tranquilizantes e barbitúricos.
Medicamentos de venda livre: podem ser comprados em farmácias ou em parafarmácias ― xaropes para a tosse, antigripais, descongestionantes nasais, anti-histamínicos, paracetamol,…etc.
Todos estes medicamentos e outros semelhantes, possuem na sua composição princípios activos, que podem devido ao uso incorrecto e abusivo, provocar situações graves ao consumidor.


Prazeres que destroem / matam: tabaco e álcool
Tabaco: utilizado por certas populações do continente americano desde remota antiguidade, sobretudo com fins mágicos e religiosos, o tabaco só foi conhecido pelas populações europeias depois da descoberta da América por Cristovão Colombo, em 1492.
O seu uso estendeu-se, em breve, da Península Ibérica a outros países e, apesar de algumas medidas severas de proibição, nomeadamente na Turquia, Rússia e Japão, no século XVIII já era praticamente conhecido em todo o mundo civilizado.

O consumo do tabaco era algo que, até há muito pouco tempo, não tinha a importância que hoje tem. A expansão deste consumo deveu-se essencialmente a: ao início da fabricação dos cigarros enrolados em papel (até aí, fumava-se apenas charuto ou cachimbo, além de se mascar tabaco e inalar rapé), ao elevado consumo nas duas Grandes Guerras Mundiais, às migrações de um continente para outro, ao comércio, à generalização das viagens entre os diferentes lugares do planeta e à contribuição do sexo feminino.






Muitos fumadores têm a ilusão de que controlam o tabaco, mas a realidade é outra: o tabaco controla-os. Esta dependência chama-se tabagismo e a substância responsável pela habituação chama-se nicotina

Quais os perigos do tabagismo?
O consumo de tabaco está directamente relacionado com vários tipos de cancro: da boca, do pulmão, da bexiga, e do útero. Pode ainda provocar bronquite, insuficiência respiratória, enfisema, infecções pulmonares, doenças do coração e problemas de coagulação do sangue. Nas grávidas, o consumo de tabaco atrasa o crescimento do feto e pode ser causa de malformações, baixo peso ao nascer e síndrome de morte súbita do bebé. O consumo de tabaco na infância e na adolescência tem consequências imediatas. É lesivo para a maturação e função pulmonares, contribui para agravar ou dificultar o controle da asma e sintomatologia respiratória como a tosse a expectoração, diminui o rendimento físico e altera os lípidos do sangue.
Os não fumadores chamados fumadores passivos sofrem a exposição ao fumo do tabaco sempre que têm de compartilhar o meio ambiente em que se encontram com fumadores ficando expostos aos mesmos riscos de saúde.
Todos estes malefícios do consumo do tabaco se devem a substâncias tóxicas tais como: o alcatrão, a acetona, a terebentina, o formol, a naftalina, a amónia, o cianeto, monóxido de carbono,...etc.
Todos os produtos do tabaco são nocivos não havendo um limiar seguro de exposição
Actualmente, apesar dos avisos explícitos dos malefícios do consumo que surgem nos maços de tabaco, continua a registar-se elevada mortalidade ligada ao seu consumo. A OMS estima que um terço da população mundial adulta seja fumadora, o total anual de mortes devido ao uso do tabaco atingiu os 4 milhões ― 10 mil mortes por dia.


Fumar não vale a pena!
Um mundo melhor e sem tabaco é possível
Consegui-lo está nas nossas mãos
O consumo do tabaco tem início, habitualmente, durante a adolescência ou o início da idade adulta. Sabe-se que quanto mais precoce é o contacto com o consumo de tabaco, maior será a propensão para o consumo regular na idade adulta. Não existe uma simples e única explicação para a iniciação e para a manutenção do consumo verificando-se, antes uma conjugação de múltiplos factores ― genéticos, psicológicos, económicos, sociais e culturais.
Para grande parte dos jovens, fumar é um gesto carregado de simbolismo ― afirmação pessoal, identificação com a idade adulta, para melhorar a auto-imagem e a auto-estima, para ser aceite no grupo de pares, para estar na moda. Alguns jovens no entanto, começam a fumar simplesmente por curiosidade.
A importância de saber dizer “não”
Graças às técnicas de publicidade e marketing cada vez mais subtis e engenhosas especialmente direccionadas para grupos-alvo vulneráveis como os jovens e os adolescentes pela indústria do tabaco, o consumo e a angariação de novos fumadores tem-se mantido apesar das medidas de prevenção adoptadas pela maioria dos governos.
Ser corajoso: Custa recusar, porque requer coragem para não seguir o caminho dos outros. Mas conhecer os efeitos prejudiciais do tabaco ajuda a dizer “não”. É desnecessário discutir ou justificar, apenas dizer claramente “não”!
Dizer "não" em muitas ocasiões da vida permite-nos fazer o que desejamos e não o que os outros querem. Um jovem autónomo e informado sabe dizer "não" quando é preciso.
Benefícios que um fumador poderá obter ao deixar de fumar.

Não Obrigada!
Após 20 minutos - normalização dos niveis de pressão sanguínea e da pulsação.
Após 8 horas - o monóxido de carbono dos vasos sanguíneos desparece quase por completo.
Após 48 horas - melhoria do olfacto e do gosto. O risco de ataque cardiaco diminui.
De 1 a 9 meses - desaparecimento da congestões, fadiga e dificuldades respiratórias.
1 ano - diminuição para cerca de 50% do risco do cancro no pulmão, na laringe e no esófago.                                                                                                          
10 anos - o risco do cancro no pulmão, na boca, no pâncreas ou no esófago passa a ser idêntico ao dos não fumadores.


Álcool ― há, evidências de que, desde aproximadamente 4000 anos antes de Cristo, já se consumiam bebidas alcoólicas, embora de forma diferente da actual. Inicialmente, o uso destas substâncias tinha um carácter ritual mágico e religioso. Porém, o álcool ultrapassou rapidamente a fronteira de qualquer ritual, obrigando algumas civilizações a regularizar o seu consumo. Por exemplo, no famoso código do rei Hammurabi da Mesopotânia, há uns 1700 anos a.C., foram elaboradas várias leis sobre a regularização da venda e do consumo de cerveja. Com o aparecimento da técnica de destilação e a descoberta do alambique na Idade Média, século IX, foi possível elaborar bebidas de graduação mais elevada. Sabe-se que o aparecimento das bebidas alcoólicas ocorreu de forma diferente no velho e no novo continente, apesar de posteriormente na época das descobertas e das colonizações ter ocorrido uma expansão de diferentes tipos de bebidas alcoólicas em ambas as direcções. Porém, é já em pleno século XX, sobretudo na segunda metade, quando tem lugar a grande expansão do consumo de álcool a nível mundial. Isto deveu – se aos movimentos migratórios, ao aumento do fabrico, da industrialização e da comercialização de todo o tipo de bebidas alcoólicas.
Porquê tanto alarido?
 As pessoas fabricam e consomem álcool há centenas de anos, e ele faz parte do dia-a-dia de uma sociedade. A grande tolerância social que existe em relação ao álcool faz com que seja considerada uma substância pouco perigosa, o que contribui para o seu consumo. O consumo de álcool predomina no mundo ocidental, tendo se tornando  desregrado e com consequências profundamente nefastas para o seus consumidores. O álcool é uma droga poderosa e viciante. O consumo continuado e excessivo de álcool, leva à dependência e a um estado de intoxicação e descontrolo denominado alcoolismo.
Os efeitos do álcool no organismo dependem de vários factores, tais como: a quantidade ingerida, a duração, se é ou não consumida durante as refeições, o peso da pessoa, o sexo, a tolerância, o estado de ânimo e se é consumido com outras drogas ou medicamentos.  
O consumo excessivo de álcool prejudica gravemente a saúde, causando falta de concentração, de memória, irritabilidade, agressividade, hipertensão, endurecimento das artérias, destruição dos glóbulos brancos, cirrose hepática, gastrite, úlceras do estômago. Na grávida, origina malformações no feto e baixa o coeficiente intelectual do bebé, uma vez que danifica o sistema nervoso em desenvolvimento.
O consumo de bebidas alcoólicas antes dos 18 anos é totalmente inapropriado por razões biológicas, ou seja, o organismo está em crescimento e em maturação, pelo que o álcool permanece mais tempo em circulação no sangue, pois o fígado não possui ainda a capacidade de o degradar.
Embora o comportamento de beber álcool seja socialmente aceite, o mesmo não acontece com o alcoolismo. O alcoolismo, é uma doença com consequências muito graves para a sociedade. O alcoolismo está na origem de: 40 a 50% dos acidentes de viação mortais, 20 a 25% dos acidentes de trabalho, agressividade, delinquência e criminalidade, violência doméstica e maus tratos a crianças e jovens, desagregação das famílias e perda de amigos, perda de emprego e problemas financeiros, baixo rendimento escolar e absentismo nas crianças e jovens.
Se o álcool é uma droga, porque é que a sociedade não a proíbe?
As sociedades modernas são complexas e, por vezes contraditórias.
A ligação homem - álcool mantém-se forte e quase inabalável ao longo dos anos, apesar de hoje em dia, sabermos que os malefícios do álcool são inúmeros. A indústria do álcool emite frequentemente mensagens através da publicidade que conduzem ao consumo do álcool. Anúncios na televisão, revistas, cartazes publicitários, divulgação de concertos, eventos desportivos, etc, encontram-se por detrás desse chamamento ao consumo.
A publicidade associa a bebida alcoólica aos valores e estímulos atractivos para os adolescentes e jovens que constituem públicos - alvos vulneráveis.
Em 1995 foi aprovada em Paris a Carta Europeia sobre o álcool. É um documento que compromete os governos signatários (entre eles Portugal), a promoverem campanhas de informação sobre as consequências do álcool na saúde, na família e na sociedade, a tomarem medidas para o controle efectivo da venda de bebidas, designadamente aos adolescentes e jovens, a proibirem a ligação do álcool a espectáculos e acontecimentos desportivos, a responsabilizarem vendedores e publicitários, a desencorajarem a condução sob o efeito do álcool, assegurarem o tratamento e a reabilitação dos alcoólicos.
Não é fácil em nome da saúde proibir o álcool, pois os padrões de consumo estão profundamente enraizados e combinados com a tradição podem tornar o ritmo da mudança muito lento. Anonimamente ou de forma institucional, no dia-a-dia da nossa actividade ou integrando grupos de pressão, todos temos o dever de assumir as nossas responsabilidades e contribuir, enquanto cidadãos conscientes, para a mudança necessária e imprescindível, e a pouco e pouco vão se ganhando batalhas que podem parecer pequenas, mas que na realidade são enormes e impensáveis há uns anos.
As iniciativas sustentáveis e a longo prazo de sensibilização para o conceito de moderação e responsabilização para o mau uso de qualquer tipo de álcool são de incentivar e louvar.
A problemática é: O consumo abusivo e não o consumo em si.
         

Regras de Moderação
Devem dizer NÃO às bebidas alcoólicas: crianças e jovens até aos 18 anos de idade, mulheres grávidas e a amamentar, pessoas durante o trabalho e a condução rodoviária e doentes alcoólicos tratados.
Poderão consumir bebidas alcoólicas: indivíduos adultos saudáveis que poderão fazê-lo em doses moderadas, a ingestão de bebidas alcoólicas destiladas deve ser uma situação excepcional, o adulto não deve ultrapassar 1/4 de litro de vinho ou duas cervejas repartidas pelas duas principais refeições; a Organização Mundial de Saúde (OMS) considera consumos sem risco os que se situam abaixo de 20 g de álcool por dia.
Do êxtase à agonia: drogas ilícitas
Existem drogas ilícitas que têm um passado legal e respeitável (ex: cocaína, ópio, etc), mas que, devido à inconsciência, egoísmo e ganância de uma minoria de indivíduos se tornaram “verdadeiros pesadelos” para a sociedade.
O consumo de drogas como a heroína, cocaína, LSD, cannabis (marijuana e haxixe) entre outras, afecta o sistema nervoso, cria habituação e dependência, altera as noções de tempo e de espaço, provoca alucinações e confusão mental. Para além disso, causa perda de apetite e peso e, na ausência forçada do consumo, dores violentas, náuseas, vómitos e convulsões. As drogas provocam dependência e perda de prazeres e interesses. Põem em causa a amizade, a sensibilidade, a ternura, a sexualidade…. O indivíduo é levado ao isolamento e à destruição.
A apetência anormal ou prolongada, manifestada por determinados indivíduos, por substâncias tóxicas ou drogas, cujo efeito analgésico, euforístico ou dinâmico conheceram acidentalmente ou procuraram voluntariamente chama-se toxicodependência.
 Esta apetência torna-se rapidamente um hábito tirânico e origina na maioria dos casos uma decadência física e mental do indivíduo. Este hábito prejudica a sociedade, pois um toxicodependente causa grande sofrimento e destrói a harmonia na família e na comunidade. O tráfico de drogas, a criminalidade e as infecções relacionadas com a droga constituem grandes problemas sociais e económicos.
A bomba sintética: ecstasy
Existem drogas ilegais perigosas, de oferta e consumo fácil, como os comprimidos de ecstasy, com o objectivo de ter energia para noites de grande folia em locais de diversão nocturna. Droga sintética de fabrico fácil, sem grandes conhecimentos químicos, podendo ser feita em pequenos laboratórios desmontáveis que se têm espalhado por toda a Europa. Afirmações como “não causam vício” e “os efeitos secundários são mínimos” são comuns entre os consumidores e instigadores ao consumo. No entanto, as mortes em consequência do consumo são uma realidade.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera o ecstasy uma droga dura e perigosa, sendo preocupante o desconhecimento dos adolescentes/jovens relativamente aos seus efeitos e consequências para a saúde do organismo. Os comprimidos de ecstasy são autênticas “bombas” que vão destruindo as ligações entre as células nervosas, danificando-as e provocando depressões nervosas. Por outro lado, alteram a regulação da temperatura corporal, desencadeando “golpes de calor”, desidratação e morte.


A vida por um fio: valerá a pena?
Procurar na droga soluções ou escapes para a angústia, ou os caminhos do prazer de que nos sentimos privados é uma falsa saída. Significa, pelo contrário, anular o sentido das coisas e perder o contacto connosco próprios e com os que nos rodeiam. A droga, mesmo quando na fase inicial dos consumos parece ser agradável e inócua, conduz-nos sempre inevitavelmente à solidão, ao vazio e a uma enorme dor física e mental ― é um prazer que faz sofrer.
Várias são as razões que levam os adolescentes/jovens a consumir droga: curiosidade e gosto pelo risco, pressão dos amigos, vontade de pertencer a um grupo, medo de ser excluído do grupo, desejo de se divertir, forma de se afirmar e ser adulto, sensação de que resolve problemas, facilidade em obter droga.
A maioria dos toxicodependentes inicia-se com as drogas ditas “leves“, como, por exemplo a marijuana, pensando que é “só para experimentar”. Mas quando quer parar já é tarde. O caminho da dependência e das “drogas duras” fica aberto, portanto, não há “drogas leves” e “drogas duras” porque a dependência desenvolve-se para todas elas e o percurso do toxicodependente rapidamente passa das primeiras para as segundas.
A única forma de dizer “não” à dependência da droga é dizer “não “ ao seu consumo.
Na “sombra” estão os que ganham dinheiro com o negócio da droga, os barões da droga, os intermediários, os passadores … verdadeiros abutres vendedores de tragédias humanas…, aos quais devemos gritar bem alto NÃO.
Prevenir o consumo de drogas
Quando somos jovens sentimo-nos transbordar de vida, temos a sensação que nada nos pode destruir, mas mais vale prevenir do que remediar logo devemos:
• nunca aceitar qualquer alimento ou bebida que um  estranho te queira oferecer ( a droga pode disfarçar-se de muitas formas);
• conversar com os pais ou outras pessoas de confiança para esclarecer as dúvidas e os receios;
• manter-se informado  e dar atenção às campanhas de prevenção (na internet, na televisão e no centro de saúde;
• ocupar os tempos livres com desporto, actividades e hobbies interessantes e evitar frequentar locais onde se consome droga.

       

Certamente é uma utopia pensar num mundo sem drogas, mas não num mundo com menor consumo

Sem comentários:

Enviar um comentário